A roupa nova do rei Harry Potter
Classicos Infantis e as relíquias da morte
Editora Moderna
O que “A Roupa Nova do Rei” tem a ver com “Harry Potter”?
Nada, nada mesmo. Mas aqui em casa essa relação foi construída ao longo de nove anos. “A Roupa Nova do Rei”, da editora Moderna, foi o primeiro livro que li para o meu primogênito, Vinicius, quando ele tinha apenas dois dias de vida – o dia em que voltamos da maternidade.
Muitas pessoas achavam graça ou mesmo estranhavam o exagero. Ler para um bebê de dois dias, três dias, quatro dias, uma semana, um mês, um ano? Afinal, qual o tempo certo para introduzir na criança o hábito da leitura?
A neurociência afirma que um bebê, aos cinco meses de gestação, já tem seu aparelho auditivo perfeito. Sim, ele escuta perfeitamente – com a barreira da barriga, claro. Mas ainda assim pode ouvir histórias e reconhecê-las após o nascimento.
É certo que a disposição de ler para os filhos não deve ser movida pelo desejo de formar gênios, mentes brilhantes. Antes de tudo, é preciso deixar claro que ler para crianças é um gesto de amor. Puro amor.
Os pequeninos e atentos olhinhos de meu filho acompanhavam os movimentos dos meus olhos, as expressões do meu rosto, as figuras coloridas do livro. Tudo estava sendo interpretado. Estabelecemos um laço inquebrantável, construído com afeto e comunicação.
O leitor bem formado, não é apenas um devorador de livros, mas um leitor de mundo, de gente, capaz de estabelecer conexões entre o que vê, pensa e sente. Ler é isso mesmo.
Comecei a formar o meu leitor no berço. E durante muito tempo li a mesma história – o que não me impediu de introduzir outros livros. E foram muitos.
E o que isso tem a ver com Harry Potter?
Hoje, com nove anos, meu filho leu o último livro da série, 580 páginas, em duas semanas - 14 dias -, sozinho.
Ainda assim é capaz de pegar um livro de fábulas e dizer “Mãe, lê pra mim?”
Puro gesto de amor...