
A velha Misteriosa
Coleção Batutinha
Salamandra
Algumas histórias estão em mim, mistura de lembrança das traquinagens da infância, impressões, histórias dos outros, também de livros. Memória real e memória inventada. Vida vivida, vida imaginada e vida lida.
Eu tinha uma história na minha cabeça pronta para ser escrita: uma velha misteriosa que morava em uma casa abandonada e causava curiosidade entre a meninada da rua, que, por sua vez, resolvia investigar o caso para depois descobrir que ela era apenas uma velha sozinha que gostava de piano e de livros.
Que idéia ótima!
Outro dia, achei um livro da Ana Maria Machado chamado “A Velha Misteriosa”. Uau! Assim que vi, comprei. Dei uma folheada rápida e já sabia que o livro era ótimo! Nem me preocupei em ler. Estava com muita pressa, garimpando novos títulos. Queria descobrir suas delícias junto com os filhos, antes de dormir.
Chegado o momento tão esperado da história nova, juntamos as camas (são dois filhos), nos arrumamos nos travesseiros e até Ricardo entrou na dança! Não basta ser pai...
À medida que eu discorria no texto, ia ficando cada vez mais estarrecida... Era a minha história! Meu Deus! Como a Ana Maria Machado foi ler os meus pensamentos? Fiquei chocada! A história acabou e tive a certeza de que tinha perdido o meu livro.
Ao final, a informação de que a história havia sido publicada pela primeira vez na Revista Recreio, aquela dos anos setenta... que o meu pai lia para mim na hora de dormir, assim como faço com os meus filhos hoje...
Fiquei mais chocada ainda... O meu cérebro guardou a história, intacta!
Perdi o livro, claro, mas ele não era meu mesmo... Tampouco era novo...
Esse episódio me deixou muito feliz... Reencontrar uma história perdida foi demais!
Agora vou comprar toda a coleção.
Viva a Ana Maria Machado! Encheu a minha cabeça de histórias...
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